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06 janeiro 2018

Resenha: Cinder & Ella - Kelly Oram

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Editora: Pandorga
Ano: 2016
Páginas: 304


Faz quase um ano que Ella Rodriguez, 18, esteve em um acidente de carro que a deixou aleijada, com cicatrizes e sem a mãe. Após uma recuperação difícil, ela foi obrigada a atravessar o país para viver com o pai que a abandonou quando era uma criança. Se ela quiser escapar de seu pai e de sua horrível família adotiva, ela precisa convencer os doutores de que é capaz, física e emocionalmente, de viver sozinha. O problema é que ela ainda não está pronta. O único modo de se curar é se reconectar com a única pessoa no mundo que ainda significa algo para ela: seu melhor amigo anônimo, Cinder. Brian Oliver é a sensação de Hollywood e tem a fama de sempre causar problemas. Existem muitos rumores sobre sua participação no filme O príncipe druída, mas seus assessores dizem que o único modo de passar de adolescente sedutor para ator da lista A é mostrar que seus dias de selvageria ficaram para trás e que agora ele amadureceu. Para aplacar os comentários sobre a reputação de bad-boy, seu assessor arranja um casamento falso com a coadjuvante Kaylee. Brian não está animado com a noiva falsa ou o casamento, mas ele fará qualquer coisa para conseguir sua nomeação ao Óscar. Até que o e-mail de uma antiga amiga da internet muda tudo.


                                                                                                                      Classificação:    



"O problema dos contos de fadas é que a maioria deles começa com uma tragédia. Eu entendo o que está por trás disso. Ninguém gosta de uma heroína mimada. Uma grande personagem precisa de dificuldades para superar - de experiências que deem a ela profundidade, que a deixem vulnerável, com as quais possamos nos identificar e que sejam agradáveis. Boas personagens precisam de desventuras que as tornem fortes. A ideia faz sentido, mas continua sendo uma droga se você é a heroína."


Ellamara Rodriguez recebeu esse nome porque sua mãe era fascinada por uma série de livros os quais contavam com uma personagem forte e destemida que se chamava assim. A paixão pela história passou para a garota, que é uma forte defensora da personagem que carrega o seu nome e é justamente isso que a faz encontrar um amigo online que se intitula "Cinder", o protagonista dos livros. Em seu blog, Ella faz resenhas e mostra a sua opinião sobre livros e séries, mas o que chama a atenção do rapaz é a forma com que a garota se posiciona e defende as suas opiniões até o fim. Cinder é um jovem que faz questão de comentar em muitas postagens de Ella e então começam a ficar mais próximos, sempre debatendo sobre tudo e na maioria das vezes discordando. 

Em seu aniversário de 18 anos, Ella sofre um acidente de carro e permanece no hospital por grande parte do ano, sua mãe morreu no acidente e Ella batalhou pela vida por muitos meses. Agora, ao ter alta, a garota precisa se mudar para a casa do pai que não via desde que ele abandonara a família para se casar com Jennifer. Desde a mudança Ella percebe que não se encaixa na nova família perfeita do pai, Jennifer tem filhas gêmeas - Anastasia e Juliette - que fazem de tudo para Ella perceber que não é bem vinda na casa. 

Enquanto isso, Brian Oliver passou de um playboy à sensação do momento ao receber o papel de Cinder na adaptação cinematográfica de O príncipe druida, um de seus livros favoritos. Em uma reunião, as pessoas envolvidas com a produção decidem que o rapaz e a protagonista do filme, Kaylee Summers, precisam encenar um romance fora das telas para que o filme tenha marketing espontâneo com esse relacionamento. Apesar de ser contra esse passo, Brian acaba aceitando, mas tudo muda quando ele recebe um e-mail de sua melhor amiga virtual que havia sumido há meses. Ella conta o que aconteceu em seu aniversário, sobre seu tempo no hospital e o quanto sua vida mudou desde a última vez em que se falaram, porém não comenta muito sobre o seu estado físico e psicológico agora - as cicatrizes e sequelas que ficou por causa do acidente. Agora, Brian é obrigado a ver sua vida sob uma nova perspectiva e decidir como manter Kaylee e Ella em sua vida, além de decidir ou não contar sobre a sua identidade para a melhor amiga.




"Sei que disse que não queria encontrá-lo também, mas é claro que eu queria. Eu o amava tanto. Desejei todos os dias que nos encontrássemos pessoalmente. Eu só tinha medo de que ele não fosse me querer porque meu corpo estava retalhado e cheio de cicatrizes. Disso, ou que ele começasse a me tratar da mesma forma que meu pai e Jennifer: como se pensasse que eu estava em retalhos, e não apenas o meu corpo." Página 142



Solicitei Cinder & Ella para a Editora Pandorga porque sou aficionada por contos de fadas e a sinopse acabou me conquistando justamente pelo fato de ser um romance nada convencional. Neste caso os protagonistas não se conhecem pessoalmente, mas sabem tudo um sobre o outro já que conversam há dois anos, menos o principal: suas verdadeiras identidades. Ella se agarra a Cinder como sua tábua de salvação para escapar da casa do pai e poder morar sozinha, porém o jovem tem suas próprias batalhas para enfrentar e aos poucos deixa isso mais evidente para a sua melhor amiga. 

Ella é obrigada a estudar na mesma escola das irmãs adotivas e isso gera estresse já que precisa de uma bengala para se locomover e algumas cicatrizes do acidente são evidentes. Aos poucos a rotina familiar começa a se adaptar, porém a vida de Ella não fica mais fácil com o passar do tempo, muito pelo contrário, a jovem ainda tem muito a aprender. 

Cinder & Ella é um livro único, a história é interessante e a forma com que a autora aborda a amizade virtual dos protagonistas e o quanto essa ligação ajuda ambos a seguirem com suas vidas é extremamente cativante. Lendo algumas resenhas percebi que os leitores criticaram bastante esse ponto de amizade virtual e o quanto era irreal, porém, para mim, esse foi o ponto em que a história de Kelly Oram se diferencia de tantas outras, e - como uma pessoa que tem amigas virtuais há mais de 10 anos - sei o quanto isso pode funcionar em alguns casos. 

A diagramação do livro está ótima, como a autora utiliza bastante conversas por e-mail e mensagens, houve uma maior atenção neste ponto para deixar o leitor mais próximo do real. A capa está ótima e podemos perceber a proximidade do casal, mesmo ambos estando sem revelar suas verdadeiras identidades. A revisão está boa, algumas falhas, mas nada que comprometa a leitura. Cinder & Ella foi uma leitura gostosa e difícil em alguns momentos, já que a trajetória de Ellamara não foi uma das mais fáceis, mas é interessante perceber o quanto Cinder ajudou, mesmo sem ter qualquer noção disso. 





"Fiquei paralisada na entrada, sem conseguir entrar na cozinha e tornar minha presença notada. Eu não queria ser o espinho no pé de todo mundo, não queria ser a destruidora do clima. Não queria arruinar essa família. Exceto por Anastasia, eles não eram pessoas ruins. Mereciam ser felizes. No instante em que percebessem que eu estava em casa, toda a brincadeira iria acabar. Aquele manto espesso e pesado de constrangimento iria retornar e baixar sobre todos nós outra vez como o destino inevitável e inexorável que era." Página 145







5 comentários:

  1. Rafa!
    Gosto muito das releituras, principalmente porque o autor a faz de uma forma diferenciada da original.
    Gostei da forma mais contemporânea da autora, trazendo assuntos importantes como os conflitos familiares, separação, bullying e tudo o mais.
    Gostei também do drama bem desenvolvido e do relacionamento entre mãe e filha.
    Deve ser mesmo uma ótima leitura.
    Desejo Um ótimo final de semana e Novo Ano repleto de realizações!!
    “Chega de velhas desculpas e velhas atitudes! Que o ano novo traga vida nova, como o rio que sai lavando e levando tudo por onde passa.” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy
    1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!

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  2. Já tinha visto esse livro porém não tinha parado pra ler a sinopse nem alguma resenha dele. Livros com essas releituras de contos de fadas me encantam. Fiquei curiosa pra ver como o relacionamento de amizade virtual se transformou em um romance, realmente pode parecer meio irreal, mas hoje em dia não é lá muito dificil isso acontecer né, enfim fiquei curiosa e afim de ler.

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  3. Oi Raffa, tudo bem?
    Eu gosto bastante releituras, mas eu não tenho mais paciência para ler estórias assim. A um tempo atrás li Princesas das Águas e odiei, achei bem infantil, e tive a sensação de que eu já sabia o que iria acontecer na estória. Mas o importante é que você curtiu o livro.
    Beijos

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  4. Que trecho foi esse que puseste no final da resenhaaaa
    Deu uma dor no peito até =[

    Eu curto releituras de contos de fada, principalmente porque em geral a mocinha é mesmo mais forte e tem, digamos, mais falas que nas histórias clássicas. Acho uma ótima ideia isso, já que normalmente tento me identificar com a personagem ^^

    Eu fiquei com a impressão que eles nunca vão se conhecer pessoalmente, mas que mesmo assim isso vai fazê-los crescer muito... principalmente o Brian;
    mas isso pode ser só impressão mesmo
    rs

    curti a resenha, eu só não digo que vou correr pra ler porque né, tá corrido aqui com o mestrado ^^'

    bjs e até

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  5. Eu estava literalmente vissando atrás desse livro até mesmo quando ele não era lançado no Brasil eu vi a muitas críticas sobre ele e acabei lendo o e-book que alguns grupos de tradução tinha disponibilizado e eu adorei a releitura que fizeram é simplesmente uma das melhores da Cinderela

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