Editora: Intrínseca
Ano: 2017
Páginas: 336
Tradutor: Alexandre Raposo
É preciso responder a uma série de perguntas, passar por um criterioso processo de seleção e se comprometer a seguir inúmeras regras para morar no nº 1 da Folgate Street, uma casa linda e minimalista, obra-prima da arquitetura em Londres. Mas há um preço a se pagar para viver no lugar perfeito. Mesmo em condições tão peculiares, a casa atrai inúmeros interessados, entre eles Jane, uma mulher que, depois de uma terrível perda, busca um ponto de recomeço.
Jane é incapaz de resistir aos encantos da casa, mas pouco depois de se mudar descobre a morte trágica da inquilina anterior. Há muitos segredos por trás daquelas paredes claras e imaculadas. Com tantas regras a cumprir, tantos fatos estranhos acontecendo ao seu redor e uma sensação constante de estar sendo observada, o que parecia um ambiente tranquilo na verdade se mostra ameaçador.
Enquanto tenta descobrir quem era aquela mulher que habitou o mesmo espaço que o seu, Jane vê sua vida se entrelaçar à da outra garota e sente que precisa se apressar para descobrir a verdade ou corre o risco de ter o mesmo destino. Com um suspense de tirar o fôlego e um clima de tensão do início ao fim, JP Delaney constrói um thriller brilhante repleto de reviravoltas até a última página. Uma história de duplicidade, morte e mentiras.
"É tão maravilhoso quanto esperávamos que fosse. Bem, como eu esperava. Simon concorda com tudo, mas percebo que ele ainda mantém certa cautela. Ou talvez não goste de sentir que tem uma dívida com o arquiteto por nos deixar morar ali por um aluguel muito barato." Página 58
Quem era ela é uma aposta da Intrínseca para esse mês, a editora mandou um questionário para os blogueiros responderem e aqueles que acumulassem uma certa quantidade de pontos receberiam seu exemplar. O mesmo foi feito com os leitores - nas redes sociais da editora - e mesmo sem saber qual era livro e sobre o que tratava, respondi. O pacote chegou todo misterioso e logo começou a curiosidade para conferir a fundo a história desse livro, então deixei algumas leituras de lado e iniciei minha jornada literária com esse thriller.
Tudo começa com um casal disposto a alugar um lugar para morar, pois sofreram um assalto recentemente e Emma está fragilizada com essa situação, acreditando não ter segurança em sua casa atual. Quando recebem a proposta de participar de uma seleção para morar na Folgate Street, nº1, decidem preencher a papelada e tentar conseguir a aprovação de Edward Monkford - o arquiteto e dono da casa minimalista. O aluguel cobrado era mínimo, comparado ao que a casa oferecia, porém ao preencher a papelada o casal percebeu o quanto o arquiteto poderia ser controlador e que precisariam abdicar de muitas coisas de sua vida atual para poder morar na tão sonhada casa.
Em contrapartida, o livro conta a história de Jane - uma mãe solteira que deu à luz a um natimorto, disposta a mudar de vida e tentar entender o que aconteceu com Isabel, Jane participa da seleção para viver na Folgate Street e é selecionada. Logo nos primeiros dias percebe que há algo diferente com a casa e começa a investigar o que é. Um rapaz deixa flores na porta de casa e um dia ela acaba conversando com ele, apesar de pouco, já tem por onde começar a sua busca. Tudo gira em torno das tragédias que aconteceram na casa desde que estava em fase de construção, a morte da esposa e filho do arquiteto, morte de uma inquilina e outras coisas estranhas que andavam acontecendo desde que Jane se mudara para a Folgate Street, nº1.
"Porque, apesar do turbilhão de emoções - descrença, alegria, ansiedade, euforia, surpresa, luto renovado por Isabel, felicidade -, no fundo o que sinto é um medo puro e simples." Página 203
Quem era ela é um livro brilhante, um suspense de tirar o folego e a tranquilidade dos leitores que ficam ávidos para desenterrar os segredos de Edward Monkford e os detalhes de seus empreendimentos de sucesso. Emma é uma jovem fragilizada, mas extremamente manipuladora que vai mostrando aos leitores - aos poucos - suas garras até o ponto decisivo para a trama. Por outro lado, Jane é completamente diferente, lutando por um recomeço ela vê essa chance como a forma de sair do poço que esteve deste a morte prematura de sua bebê, porém percebe a tempo que o mesmo destino de Emma e suas semelhanças físicas podem estar ligados, de certa forma, com a Folgate Street.
Um dos melhores livros que li nesse ano, Quem era ela é instigante desde o primeiro capítulo, esse thriller é bem escrito, cenas verossímeis e personagens que poderiam ser eu ou você, dando vida à essa história de suspense ambientada em Londres. Confesso que a divulgação da editora me deixou curiosa para conferir a história, mas essa se sustenta e ganha vida por si só, e garanto que todos os leitores que tiveram o mínimo de interesse para conferir esse livro não irão se arrepender. Tudo nesse livro chama a atenção, desde a divulgação, capa, história, personagens e isso contribuiu para que fosse um dos meus favoritos do ano.
Com relação à edição, esse livro mantém o padrão da Intrínseca em todas as suas obras. Capa interessante e bastante chamativa, relacionada à história, a diagramação é ótima, letras pequenas - mas já me acostumei, apesar da miopia não gostar muito. Os capítulos são em primeira pessoa, narrados por Emma (Antes) e Jane (Depois) dando ao leitor uma perspectiva melhor para as situações em que as protagonistas se encontram e sempre um é ligado ao outro para que possamos comparar a vida de ambas na Folgate Street. As perguntas que respondemos - também se encontram no livro e foram respondidas por Emma e Jane para que pudessem alugar a casa de Edward Monkford. Não vou me estender muito aqui, mas caros leitores se tiverem a oportunidade de conferir Quem era ela, não deixem para amanhã, pois irão se arrepender - esse livro é genial.
"Porque foi isso que eu percebi morando em Folgate Street, nº1. Você pode tornar o ambiente em que vive tão refinado e vazio quanto quiser. Mas isso não importa se você ainda estiver bagunçado por dentro. E, na verdade, todos nós estamos buscando isso, não é mesmo? Alguém que cuide da bagunça que há dentro da nossa cabeça." Página 319