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28 novembro 2017

Resenha: Infância Interrompida - Cathy Glass

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Editora: Fundamento
Ano: 2013
Páginas: 288

Jodie tem apenas 8 anos. Colocada para adoção, violenta e extremamente agressiva, passou por cinco famílias em quatro meses. A última esperança antes que a menina seja levada para uma instituição é Cathy, que vai recebê-la em sua casa. No início as coisas vão mal, muito mal mesmo. Mas, apesar das imensas dificuldades para lidar com Jodie, Cathy não desiste e usa todo o seu amor, paciência e experiência para ajudá-la. E, quanto mais a pequena confia em Cathy, mais esta descobre fatos medonhos sobre o triste passado da criança. Os pais – que deveriam ter cuidado com muito amor de Jodie – são as mesmas pessoas que interromperam sua infância, que acabaram com sua vida. O futuro de Jodie é nebuloso, mas Cathy irá ficar ao lado dela. Até quando puder.


Classificação:        




"Até então eu ouvira de Gary que ela era uma vítima inocente, cujo extraordinário recorde de passar por diversos acolhedores nada tinha a ver com ela; e de Deirdre que ela era um pequeno demônio encarnado, cujo tamanho, força e pura maldade estavam na mais completa desproporção em relação à sua idade." Página 18



Infância Interrompida foi escrito foi Cathy Glass e publicado no Brasil pela Editora Fundamento em 2013. Apesar de ser de catálogo, desde que comecei a parceria tinha bastante vontade de solicitar a obra para resenha e acabei demorando por querer continuar a leitura da série Amanhã, porém, assim que terminei a leitura da série não hesitei em solicitar o livro de Cathy Glass - e que livro. Se você acha que é uma história leve e de superação, não se engane, a leitura é extremamente pesada e apesar da pouca idade - a protagonista, Jodie, é de dar medo. 

Abusada de todas as formas possíveis, Jodie viveu desde que nasceu em um ambiente de risco, sendo retirada de sua família apenas aos oito anos de idade. Após passar em cinco lares adotivos em menos de quatro meses, Cathy conhece o caso de Jodie e em uma reunião com todas as pessoas ligadas ao seu caso, decide dar lar temporário para a menina já que fazia isso há anos e tinha plena certeza de que poderia ajudar a pequena. Porém desde a sua chegada Jodie causa problemas, seja com os filhos de Cathy - Adrian, Lucy e Paula, ou ataques de birra e raiva que são frequentes. Aos poucos Cathy consegue ganhar a confiança da menina e esta começa a se abrir, contando todos os horrores que teve que passar desde muito pequena - o que agora considerava normal - e com muito carinho e perseverança, Cathy vai quebrando as barreiras que a pequena criou ao seu redor para se proteger. Infância Interrompida é um livro intenso e que causa extrema angústia no leitor (pelo menos foi assim comigo), porém é algo que acontece mais do que acreditamos ser possível, a história de Jodie acabou com meu emocional e lembrei bastante do livro Não conte para a mamãe, já resenhado aqui no blog. 


"Quando ela chegou, eu havia notado que ela evitava contato com os olhos e preferia olhar para o peito das pessoas com quem estivesse falando. Da mesma forma, ela jamais conseguia relaxar, estava sempre pulando se alguém entrasse na sala, como se estivesse em alerta permanente e pronta para fugir se necessário. Eu não tinha pensado nisso antes, mas agora, diante do que ela havia me contado, tudo assumia um significado muito sinistro." Página 108



Cathy Glass abriga crianças que estão para adoção há bastante tempo e, pelo que pesquisei, ela conta com uma extensa lista de livros que mostram a história dessas crianças - o que me deixou curiosa para ler mais sobre ela - além de escrever sob pseudônimo e mudar o nome dos envolvidos na publicação, para preservar as suas identidades. Jodie é uma criança extremamente perturbada e que sofreu muito, apesar da pouca idade, a sorte da garota foi ter Cathy em sua vida que, aos poucos, conseguiu quebrar as barreiras e saber exatamente pelo que ela passou, para assim procurar toda a ajuda possível.

Com relação à edição, a capa é maravilhosa e ilustra bem a nossa protagonista, então chama bastante atenção dos leitores. Os capítulos são bem divididos e contam uma situação envolvendo as batalhas de Cathy e Jodie, além da interação com os filhos da tutora e especialistas que Jodie visitava de forma recorrente. A diagramação está ótima, assim como a revisão - o que deixa a leitura mais fluida. Este é sem dúvidas um livro forte e deixará os leitores com uma sensação de impotência tremenda, já que é difícil saber os horrores pelos quais algumas crianças são obrigadas a passar vindo das pessoas que, supostamente, deveriam zelar pelo seu bem-estar. 


"Eu tinha esperanças de que houvesse tempo para tratar daquela personalidade quebrada, e ansiava por juntar os pedaços dela, para que ela pudesse ter outra chance na infância que lhe fora arrancada tão cruelmente. Eu estava decidida a tentar tudo o que pudesse por aquela criança, e, se o amor, a atenção, a bondade e o trabalho duro pudessem ajudar, eu não pararia até ela melhorar." Página 143





24 novembro 2017

Resenha: Spider Bones - Kathy Reichs

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Editora: Fundamento
Ano: 2014
Páginas: 336

Quando a antropóloga forense Temperance Brennan é chamada para investigar a cena de um afogamento em Quebec, uma descoberta chocante à espera: a vítima, identificada como John Charles Lowery, era um soldado americano declarado como morto em 1968, no Vietnã. E as impressões digitais confirmam sua identidade. Então, quem estaria sepultado no túmulo desse veterano na Carolina do Norte? E como é que um ex-soldado americano, que supostamente morreu há mais de 40 anos, foi parar no Canadá?

Tempe decide investigar o túmulo de Lowery e levar os restos mortais para uma análise minuciosa na sede da JPAC, o Comando Conjunto de Responsabilidade pelos Desaparecidos em Ação e Prisioneiros de Guerra um verdadeiro complexo militar no Havaí. Com a ajuda de Andrew Ryan, seu colega e ex-amante, a intrincada investigação de Tempe a conduz a mais um conjunto de restos mortais. Agora ela tem em mãos um verdadeiro quebra-cabeças: três corpos, todos identificados como sendo de Lowery.

Investigações paralelas surgem quando a médica-legista de Honolulu pede a Tempe que a ajude a identificar dois corpos que apareceram na praia. Seriam simplesmente vítimas de ataques de tubarões?

Temperance vai ter que usar todo o seu conhecimento científico para desvendar esse emaranhado de corpos. Mas, definitivamente, desenterrar o passado pode ser muito mais perigoso do que se/ela imagina...



Classificação:     


"Os restos eram os de um homem que havia morrido entre as idades de 18 a 25 anos. A etnia continua indefinível.
- Nada para excluir Spider Lowery - disse Danny.
- E nada para identificá-lo positivamente." Página 90



Bones é uma das minhas séries favoritas e já tinha conhecimento que era a adaptação de uma série de livros da Kathy Reichs, mas imaginem a minha felicidade ao xeretar o catálogo da Editoria Fundamento e ver que haviam publicado esse livro, na hora já deixei anotado para fazer a solicitação e assim que recebi o livro iniciei a leitura, tamanha curiosidade.

Temperance Brennan é a melhor antropóloga forense dos Estados Unidos, ou seja, ela descobre o que aconteceu com a pessoa morta apenas de fazer a análise de seus ossos. Em Spider Bones, Temperance é acionada assim que um corpo é encontrado em um lago em Quebec, ao fazer as análises iniciais há um impasse - a identidade do homem morto, bate com a de um rapaz morto no Vietnã 40 anos antes. Agora, Temperance solicita a exumação do corpo de John Lowery, mesmo contra a vontade de seu pai e uma nova análise é feita para descobrir o que aconteceu e se a identidade de Spider fora trocada na hora do reconhecimento de seu corpo pelo JPAC, uma organização que busca reconhecer e dar um enterro digno aos soldados mortos em batalha pelos EUA. 

Ao chegar ao Havaí buscando resolver esta confusão, a protagonista é procurada por a médica legista da região, pois ela está com pedaços de um corpo e precisa do parecer de Temperance para emitir um laudo sobre a causa da morte do homem encontrado, porém a antropóloga agora percebe que os crimes podem estar conectados e a sua vida, assim como a de sua filha Katy, pode estar em perigo. Spider Bones é uma obra que confunde o leitor em todos os capítulos, já que uma nova informação sempre chega para jogar por terra os avanços feitos para a resolução desta história, mas a cada nova descoberta o leitor fica cada vez mais afoito para descobrir o que aconteceu com John Lowery e qual a sua conexão com as mortes no Havaí. 



"Uma e outra vez me perguntei que diabos acabou de acontecer. Como podia uma sequência de acontecimentos que começou com uma morte por asfixia autoerótica em Montreal acabar quase me fazendo ser morta em uma rodovia no Havaí?" Página 218



Com uma trama complexa, Spider Bones é um livro que leva os leitores a descobrirem junto de Temperance Brennan a verdade sobre o que aconteceu com os corpos a que ela é incumbida de periciar. Confesso que no início da leitura demorei um pouco para me ambientar com os personagens desse livro, já que a história difere da série de televisão, porém com o passar dos capítulos a autora fez com que eu me visse presa na leitura e não queria deixar o livro de lado por nada nesse mundo. As descobertas de Temperance demoram um pouco, já que não depende apenas dela a análise, porém ela é fundamental para a resolução desta confusão de corpos e digitais a que os peritos são expostos. 

Como amo de paixão a área de perícia criminal - e sonho em trabalhar com isso - sou suspeita em falar sobre livros que tratam desta temática, mas Spider Bones me conquistou desde as primeiras páginas e ao conhecer um pouco da protagonista, já que sou grande fã da série de TV, fez com que apreciasse ainda mais a leitura e espero do fundo do meu coração que as editoras brasileiras continuem publicando os livros da Kathy Reichs.

Com relação a edição, não tenho ressalvas, o que me atraiu bastante foi a capa - que é bem trabalhada e conta com elementos a serem abordados na leitura. A leitura é fluida - levei um pouco de tempo para acostumar com a sopa de letrinhas referente às siglas das organizações com que a protagonista está envolvida, porém nada que atrapalhe muito o bom andamento da leitura. A diagramação está boa, a cada divisão de capítulo há um crânio bem estiloso 
retomando a capa, os capítulos são bem divididos e a revisão está ótima. Sem dúvidas é uma leitura indicada para os fãs de séries de CSI e para aqueles que querem mergulhar em uma narração que busca desvendar crimes um tanto bizarros e bastante confusos, mas que contam com a melhor antropóloga forense disponível para isso. 


"Vamos, seu filho da mãe! Olhe para mim!
Finalmente, ele o fez.
E eu soube quem ele era.
E o que aconteceu." Página 301



22 novembro 2017

Resenha: Jogo de Espelhos - Cara Delevingne, Rowan Coleman

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Editora: Intrínseca
Ano: 2017
Páginas: 304

Naomi, Rose, Leo e Red são adolescentes enfrentando aquela fase em que se relacionar no colégio é tão difícil quanto encarar os próprios problemas. Red tem uma mãe alcoólatra e um pai ausente; o irmão de Leo está na prisão; Rose usa sexo e drogas para mascarar traumas antigos e Naomi se esconde atrás de peruca e maquiagem pesada. 
Quatro adolescentes tão diferentes viram melhores amigos quando são obrigados a formar uma banda. O que era uma tarefa chata vira a famosa e popular Mirror, Mirror. Através da música, eles encontram um caminho para encarar o mundo de outra forma. 
Mas tudo desmorona quando Naomi some misteriosamente e é encontrada, dias depois, entre a vida e a morte. O acidente desestrutura a banda e, consequentemente, a vida de todos. A sólida relação de amizade que eles achavam estar construindo tinha uma rachadura, e tudo o que restam são dúvidas e vazios. O que aconteceu com Naomi? Foi um acidente ou um ataque? Por que ela fugiria e deixaria a banda para trás? Por que esconderia segredos dos seus melhores amigos? Para desvendar o mistério por trás dessa história, Red e os amigos entram em uma investigação que vai desenterrar seus próprios segredos obscuros e fazê-los confrontar a diferença entre o que eles realmente são de verdade e a imagem que passam para o mundo.
Em seu romance de estreia, a modelo e atriz Cara Delevingne revela mais um talento ao apresentar um olhar fresco e sagaz sobre questões atuais da juventude: amizade, bullying, identidade, gênero, transtornos emocionais, a influência perigosa das mídias sociais nas relações e o poder destruidor da imagem.


Classificação:      



"Aquela garota não pode ter deixado de existir, ela deve estar em algum lugar dentro da cabeça ferida e lesionada." Página 78



Jogo de Espelhos é um dos lançamentos de Outubro da Editora Intrínseca, escrito em parceria entre Cara Delevingne e Rowan Coleman. Confesso que demorei um pouco para solicitar o livro para resenha já que apesar de ter gostado bastante da sinopse, fiquei um tanto receosa por causa de todo o marketing gerado em torno da obra e por ter sido escrito por uma celebridade teen. E todo esse meu medo foi posto de lado logo nos primeiros capítulos, já que a história é bem estruturada, personagens em constante mudança, temas polêmicos como, por exemplo, automutilação, identidade de gênero, sexualidade, bullying e alcoolismo - o que poderia ter um resultado catastrófico, tamanha intensidade dos temas abordados, acabou me surpreendendo e agora está figurando no meu top dez de leituras de 2017. 

O livro acompanha a vida e as descobertas de quatro jovens amigos, Red, Naomi, Rose e Leo que acabam se aproximando por causa de um trabalho da escola e criam uma banda, a Mirror, Mirror, o que faz com que estes adolescentes forneçam apoio mútuo e incondicional, à medida que os problemas em suas vidas vão surgindo. Red e Leo possuem famílias disfuncionais, o primeiro é obrigado a aguentar as bebedeiras da mãe motivadas pelas frequentes traições de seu pai, porém mantem-se forte por causa de Gracie, sua irmã mais nova; por outro lado, Leo cresceu em meio a pobreza e seu irmão mais velho é líder de gangue e está preso porque quase matou uma pessoa. Já Naomi tem a família mais normal dos quatro, pais amorosos e uma meia-irmã quieta, porém que a ama. E por último temos Rose, uma jovem rebelde que culpa sua madrasta por tudo o que dá errado em sua vida. 

Em algum ponto de suas vidas, os quatro jovens encontram-se e uma história de amizade inicia, dando forças aos protagonistas a questionarem tudo o que estão passando e para onde irão seguir. Porém toda essa liberdade começa a ruir com o desaparecimento de Naomi, que aparentemente era a que menos tinha motivos para fugir no momento e, apesar de já ter feito isso antes, seus amigos não acreditam que a garota fugiu por vontade própria. Apesar de todas as buscas, só um mês depois a garota é encontrada no Rio Tâmisa e agora luta para sobreviver. Seus amigos estão abalados por não terem visto sinais de que a amiga pensava em tirar a sua própria vida, porém aos poucos Red - com a ajuda de Ash, irmã mais velha de Naomi - começa a investigar por sua própria conta para descobrir o que realmente aconteceu com sua amiga. 




"Na cabeça dela, algo ruim aconteceu com a Nai, e essa é a única explicação possível. Ela não consegue cogitar que a irmã possa ter fugido em busca de uma nova vida, que talvez possa ter planejado aquilo. E acho que até entendo, mas qualquer coisa que a tenha arrastado para aquele rio seria melhor do que ter sido abduzida por um psicopata, certo?" Página 116


Este é um livro de descobertas, amizade e romance, mas que a autora fez questão de mostrar a realidade de muitos jovens seja em sua autoaceitação até problemas como depressão, abuso de álcool e drogas. Todos esses temas pesados poderiam ter dado extremamente errado, porém Cara Delevingne soube tratar destes assuntos com tamanho cuidado e sensibilidade que tornaram a sua narrativa cativante e impressionante. Como falei antes, hesitei em solicitar o livro para avaliação, porém a história me conquistou logo em seus primeiros capítulos e a cada descoberta de Red ficava ainda mais curiosa para saber o que realmente havia acontecido com Naomi. 

Jogo de Espelhos é um livro que deveria ser lido por todos os adolescentes que nesta fase de descobertas são expostos a tantas novidades e, em sua maioria, não conseguem lidar bem com isso. Cara Delevingne fez um excelente trabalho, a leitura é agradável - apesar de complexa - e faz com que o leitor mergulhe na vida dos protagonistas e torça por eles. Com relação à edição, achei a capa um tanto exagerada, apesar de ser pertinente, fora que o livro foi feito em parceria e o nome da Cara Delevingne está umas três vezes maior do que o de Rowan Coleman, o que me deixou um tanto decepcionada. A diagramação está ótima e por ser um livro para o público jovem, foi trabalhado bastante a questão de redes sociais e suas imagens durante a leitura, a revisão está ótima e torna a leitura ainda mais fluida e proveitosa. Jogo de Espelhos foi uma grande surpresa e já se tornou um dos meus favoritos, indico a leitura para todos os leitores que querem embarcar em uma jornada de descobertas, romance, perdas e muita luta desses jovens amigos. 




"Mas a verdade é que Rose quer ficar sob os holofotes porque tem medo do escuro.
Ela quer todas as atenções, porque tem medo de ficar sozinha. 
E é por isso que nunca posso me apaixonar pela Rose.
E é por isso que a expressão no seu rosto, quando ela mentiu para mim hoje a respeito daquela mensagem de texto, me deixou com muito medo por ela. Rose não aguentaria ser ferida de novo." Página 130

20 novembro 2017

Resenha: A vida que enterramos - Allen Eskens

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Editora: Intrínseca
Ano: 2017
Páginas: 272

A única coisa que Joe Talbert deseja é terminar o trabalho da faculdade: entrevistar um estranho e escrever uma breve biografia. Com os prazos se aproximando, o garoto decide ir a um asilo para encontrar o tão desejado objeto de trabalho. Lá ele conhece Carl Iverson e logo a vida de Joe vai ter mudado para sempre.
Veterano da Guerra do Vietnã, desenganado com apenas alguns meses de vida, Carl foi internado na casa de repouso em liberdade condicional devido ao estágio avançado de câncer depois de trinta anos preso pelos crimes de estupro e assassinato. À medida que escreve sobre a vida de Carl, principalmente sobre o período que o homem passou na guerra, Joe começa a ter dificuldade de conciliar o heroísmo do soldado com os desprezíveis atos do criminoso.
Acompanhado de Lila, sua vizinha cética, Joe se lança em uma busca pela verdade, mas lidar com a mãe perigosamente disfuncional, a culpa de deixar o irmão autista sozinho em casa e uma lembrança assustadora vão malograr seus esforços.
Fio por fio, Joe começa a desfazer a intricada tapeçaria do crime de Carl, mas, quanto mais se aproxima das reais circunstâncias do crime, mais nós aparecem. Joe vai conseguir descobrir a verdade ou já é muito tarde para escapar?


Classificação:       




"Um estuprador e assassino. Eu havia ido ao Solar à procura de um herói e, em vez disso, encontrei um vilão. Certamente ele teria algo para contar, mas eu gostaria de escrever sobre essa história? Enquanto meus colegas de turma apresentariam relatos da vovó dando à luz no chão sujo, ou do avô vendo John Dillinger em um saguão de hotel, eu escreveria sobre um homem que estuprara e matara uma garota e depois incinerara o corpo dela em um galpão." Páginas 12 e 13


A vida que enterramos é um thriller fantástico, lançado no Brasil em 2017 pela Editora Intrínseca e de autoria de Allen Eskens. O autor é advogado criminalista e isso se mostrou presente em sua narrativa e me fez gostar muito mais da leitura, já que tenho interesse em seguir nesta área profissional. 

Nesta obra conhecemos Joe Talbert, um jovem que busca um recomeço longe de sua mãe bipolar e seu irmão autista, porém ao mesmo tempo que ele quer se afastar, frequentemente é puxado à sua origem para salvar o irmão dos surtos de sua mãe e seu namorado da vez. Quando Joe decide ir a uma casa de repouso para entrevistar um idoso e escrever a sua biografia para um trabalho de faculdade, não imaginou que iria ficar cara a cara com um homem condenado pelo estupro e morte de uma garota de quatorze anos. Conforme a diretora da casa de repouso, Carl seria o único candidato que estava com a mente intacta para responder as perguntas de Joe, porém a sua história não seria nada fácil de se conhecer.

Aos poucos, Joe ganha a confiança de Carl que garante que contará apenas a verdade sobre a morte de Crystal Marie Hagen, e agora com a ajuda de Lila - sua vizinha - Joe busca todas as informações documentadas sobre o caso na época do julgamento para confrontar a história contada por Carl Iverson. Ao mergulharem nessa história, cada vez mais parece que Iverson foi condenado por estar no lugar errado e na hora errada, mas ele apressou o julgamento e não fez a mínima questão na época, então isso faz com que Joe queira descobrir a verdade e o motivo pelo qual o homem não se defendeu das acusações quando podia. 


Sou apaixonada por thrillers, isso é fato, mas A vida que enterramos é, sem dúvidas, um dos melhores que já li. O autor vai apresentando as informações aos protagonistas em doses homeopáticas e deixa os leitores ávidos por mais fatos que afirmem, ou não, que a condenação de Iverson foi certeira. Joe é um personagem que busca a verdade acima de tudo e o fato de ter crescido em um lar desestruturado, sendo a única pessoa com quem seu irmão mais novo pode contar e apesar da pouca idade carrega nas costas o peso do mundo. Em um ponto da história, tudo parece fazer sentido até que há uma guinada e faz o leitor ficar frustrado, porém o desfecho é impressionante - assim como o livro em geral. Tudo neste livro é perfeito, desde a capa que mostra um cenário presente na leitura, a narração de Allen Eskens e a história criada pelo autor são fantásticas, os personagens bem trabalhados e todos com um propósito para ajudar o leitor a desvendar o que aconteceu com Crystal em seus últimos dias de vida. A revisão está boa, assim como a diagramação e todo o trabalho editorial, este é um livro que indico para todos os tipos de leitores e principalmente para os amantes de um bom thriller


"- Por alguma razão, Carl parece interessado em falar com você. Eu não entendo, mas ele parece disposto a se abrir. Talvez ele conte a você o que aconteceu no Vietnã. Se ele realmente falar a respeito, você vai entender. Nem a pau Carl Iverson poderia ter matado aquela menina." Página 88


19 novembro 2017

Resenha: Amor sem medidas - Sophie Jackson

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Editora: Arqueiro
Ano: 2017
Páginas: 288
Tradutor: Janaína Senna

Tudo ia bem na vida de Riley Moore, um ex-presidiário que trabalha duro para se manter de forma honesta em Nova York. Um telefonema da mãe, no entanto, acaba tirando o rapaz dos eixos: o pai está internado em estado crítico, depois de sofrer o segundo ataque cardíaco em menos de dois anos.

Para estar ao lado da mãe nesse momento tão difícil e tentar resolver seus conflitos com o pai antes que seja tarde demais, Riley deixa tudo para trás e retorna a Michigan, sua terra natal, pela primeira vez em cinco anos.

Mas lá não estão apenas os pais de Riley e as memórias de sua família: Lexie Pierce ainda vive na cidade. Grande amor da vida de Riley, ela também foi a responsável por deixar seu coração em pedaços.


Como se a alma de um atraísse a do outro, o encontro entre os dois é inevitável. As lembranças de um amor poderoso fazem Riley querer Lexie de volta aos seus braços. Entretanto, a garota esconde um grande segredo, capaz de colocar à prova a confiança e os sentimentos do rapaz. Será que eles conseguirão superar a dor e o sofrimento de sua história para enfim viverem felizes para sempre?



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"A possibilidade de finalmente encontrar Lexie depois de cinco anos do mais absoluto silêncio trazia todo tipo de sentimentos a Riley, que fazia o possível para ignorá-los. Não porque estivesse emocionalmente abalado, longe disso. Simplesmente não via motivos para se envolver com o "o que poderia ter acontecido", "e se" ou "talvez". Os dois tinham seguido caminhos muito diferentes na vida em por mais chato que isso fosse, eram mínimas as chances de que esses caminhos voltassem a se cruzar algum dia. E isso na melhor das hipóteses." Páginas 48 e 49


Amor sem medidas é o livro que encerra a trilogia Desejo Proibido, de autoria de Sophie Jackson. Confesso que quando solicitei a obra para a Arqueiro, nem me toquei que pertencia a uma coleção, mas consegui ler o livro tranquilamente já que as histórias são independentes. 

Neste volume conhecemos Riley Moore, um rapaz que tomou algumas decisões erradas em sua vida e que por mais altruístas que tenham sido, o levaram a cumprir pena por quase dois anos. Agora, o homem é sócio em uma oficina e vive tranquilamente em Nova York, porém a notícia de que seu pai está hospitalizado por causa de um ataque cardíaco faz com que Riley vá o mais rápido possível para tentar restabelecer o contato com seu pai, que após ver o filho ser preso acabou se afastando. Ao chegar em Michigan, Riley reencontra a família e aos poucos tenta se adaptar a sua cidade natal e as lembranças que voltam à superfície dos anos que passou lá.

Enquanto busca ajudar a mãe e os irmãos a manterem-se fortes pelo pai, Riley reencontra Lexie - o amor de sua vida que terminou de forma abrupta anos antes. Desde pequenos Riley e Lexie construíram uma amizade extremamente forte e aos poucos ela se transformou em amor, porém quando o pai de Lexie morre tudo começa a mudar. A jovem é obrigada a deixar seus planos de fazer uma faculdade e morar com Riley para ajudar a mãe a cuidar de Sav, sua irmã mais nova. Agora, ao visitar a loja que Lexie abriu, Riley é confrontado com seu passado e todo o amor que sentia é posto a prova já que a mulher guardou um segredo por anos, mas que e descoberto por Riley e sua família. Este é um livro que mostra as diversas facetas de uma amizade, amor e redenção para o casal que apesar das tribulações busca superar as situações a que foram submetidos para que tenham um final feliz. 



"Droga! as palavras pareciam meio falsas ditas daquele jeito... mas Seb tinha colocado o dedo na ferida. Riley era um sujeito de cabeça bem aberta, que podia aguentar milhares de coisas, porém o medo de ter o coração partido novamente não era uma delas." Página 101


Amor sem medidas é um livro intenso, que mostra o quanto a vida das pessoas pode ser afetada por decisões mal planejadas. Riley vê sua vida ruir ao  ajudar um colega e isso se reflete em seu relacionamento familiar e até mesmo com Lexie. Já a mulher busca acertar em suas decisões para que nunca mais precise esconder nada daqueles a quem ama. A cada capítulo a autora mostra uma parte da vida dos protagonistas, seja durante a infância, adolescência e a vida adulta - e isso deu mais profundidade à leitura, já que os leitores podem ver o quanto a amizade entre eles se fortaleceu durante os anos até o amor desabrochar.

Com relação a edição, gostei bastante da capa que nos dá um vislumbre dos protagonistas. A revisão está boa, assim como a diagramação que é simples, mas bem feita. Gostei bastante da leitura e fiquei curiosa para ler os livros anteriores escritos por Sophie Jackson, já que sua escrita me agradou e a história criada em Amor sem medidas me deixou encantada a cada descoberta. 


 "Riley voltou os olhos para ela, tentando ver a garota daquela noite cheia de estrelas: a que ele amava tanto que nem dava para explicar; a sua melhor amiga, com quem queria passar o resto da vida. Ela ainda estava ali, por trás dos olhos azuis cautelosos, por baixo das cicatrizes invisíveis que, como ele bem sabia, a vida tinha gravado em ambos." Página 200

17 novembro 2017

Resenha: O Problema do Para Sempre - Jennifer L. Armentrout

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Editora: Galera Record
Ano: 2017
Páginas: 392
Tradutor: Rachel Agavino

Mallory viveu muito tempo em silêncio. Mas o destino lhe reserva um novo desafio. E ela percebe que está na hora de encontrar a própria voz.

Já na infância, Mallory Dodge percebeu que só poderia sobreviver se ficasse calada. Teve que aprender a ficar o mais quieta possível. Aprendeu a passar despercebida. A se esconder. Mas agora, após ter sido adotada por pais amorosos e dedicados, ela precisa enfrentar um novo desafio: sobreviver ao último ano do Ensino Médio numa escola de verdade. O que Mallory não imaginava é que logo no primeiro dia de aula daria de cara com um velho amigo que não via desde criança, quando viviam juntos no abrigo. E começa a notar que não é a única que guarda cicatrizes do passado, além de uma paixão adormecida e inevitável.



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"A dúvida caiu sobre mim como um cobertor pesado e áspero. Eu havia chegado bem longe nos últimos quatro anos. Eu não era nada parecida com a garota que costumava ser. Sim, eu ainda tinha recaídas, mas estava mais forte do que aquela pessoa que já fora, vivendo numa bolha, não estava?" Página 21



O problema do para sempre foi um lançamento da Galera Record que me conquistou logo que bati o olho na capa, quando li a sinopse soube que queria ler a obra e conhecer um pouco mais sobre o que a protagonista Mallory Dodge tinha para mostrar aos leitores. Mesmo sem querer, acabei comparando a história com Um caso perdido, da mesma editora, mas de autoria da Colleen Hoover - e meu livro favorito desde sempre. Ambos são ótimos, apesar de mostrarem o quanto um lar disfuncional pode moldar a personalidade de uma criança que está propensa a abusos físicos e psicológicos de quem, supostamente, deveria zelar pelo seu bem estar. O problema do para sempre não conta com cenas explícitas, como é o caso do livro de Hoover, e dei graças a Deus porque não sei dizer se conseguiria ler mais alguma obra tão pesada quanto ela. 

Mallory Dodge é uma jovem adotada por médicos que cuidaram de sua recuperação após um evento traumático em sua infância. Rosa e Carl, seus pais adotivos, fazem de tudo para que ela se sinta em casa e mantenha as perspectivas de uma vida bem estruturada, faça faculdade e trabalhe com algo que eles almejavam para Marquette - a filha biológica do casal que morrera anos antes de Mallory ser adotada. Apesar disso, Mallory não é muito de se expressar, já que durante a sua infância procurava se manter longe do radar dos seus tutores, ao contrário de Rider, um garotinho que se colocava na linha de fogo para protegê-la dos ataques a que era submetida enquanto morava com a srta. Becky e o sr. Henry, um casal que só aceitou tomar conta de Mallory e Rider por causa do dinheiro que o governo lhes dava para as despesas das crianças. 

Agora, muitos anos depois, Mallory decide terminar o ensino médio em uma escola regular e se candidatar para as faculdades que seus pais haviam indicado, porém logo no primeiro dia a jovem tem uma surpresa - Rider está matriculado na mesma escola e, ao mesmo tempo que ela fica feliz com o reencontro, as feridas de sua infância que buscou tanto superar, agora estão voltando à superfície. Buscando recuperar o tempo perdido que passou longe de seu melhor amigo, Mallory reata a amizade como se não tivessem passado um dia sequer longe um do outro. Porém, agora, Rider tem uma namorada e uma vida que não agrada aos pais da jovem. Contrariando tudo o que Carl e Rosa lhe dizem, Mallory se joga de cabeça nesse reencontro, mas algumas coisas podem sair de seu controle e isso ameaça ruir todo o progresso que teve ao longo dos anos em superar a fase negra de sua infância. 


"Quatro anos. Quatro anos retirando as camadas desgastadas e danificadas. Quatro anos para desfazer dez anos de sujeira, fazendo o possível para esquecer tudo. Tudo, exceto Rider, porque ele merecia ser lembrado. Mas ele era passado - a parte boa do meu passado, mas, ainda assim, um passado do qual não queria me lembrar." Página 37



Este é um livro nada fácil de se ler, mas a história é bem conduzida pela autora - Jennifer L. Armentrout - os protagonistas são bem descritos, desde o que passaram durante a infância até mesmo o tempo em que passaram afastados. A autora soube mostrar ao leitor como o trauma durante a infância moldou as suas personalidades e criou um laço que não será facilmente desfeito. Mallory é uma protagonista que demonstra força, apesar de tudo o que passou, mas como já é apresentado na sinopse do livro - ela não é a única que foi marcada por seu passado. Rider é um jovem que tomou uma porção de decisões erradas durante a adolescência, já que não teve a mesma oportunidade de Mallory ao crescer em uma casa com muito amor, então é um jovem arredio e que não têm muita perspectiva de futuro, porém a relação com Mallory mostra ao leitor e aos protagonistas o quanto ainda têm caminho a percorrer. 

Com relação à edição o que mais me chamou atenção foi a delicadeza exposta na capa, que conta com elementos apresentados na leitura - como é o caso do coelho, - sem dúvidas essa capa é bem chamativa e alguns leitores vão ser fisgados primeiramente por ela, como foi o meu caso. A diagramação está boa, o livro é narrado em primeira pessoa (por Mallory) o que dá ao leitor a possibilidade de ir a fundo nos pensamentos da jovem, mesmo que ela não se comunique muito com as pessoas com quem convive. A revisão está boa, os capítulos são bem divididos e a narração - apesar de pesada - é fluida e não deixa pontas soltas ao longo da leitura. O único ponto que deixou a desejar na edição foi o material da capa que acabou descolando na parte inferior, não sei se foi um problema pontual - da minha edição - ou se todos os livros estão assim, mas isso não interferiu na leitura então é algo que não diminuiu a minha experiência com a obra. Para aqueles que gostam de um bom drama, que mostra como a infância pode aproximar pessoas que passam pela mesma experiência traumática e precisam enfrentar as rachaduras que isso causou em suas vidas, O problema do para sempre é uma ótima opção. 


"E talvez... talvez isso não fosse melhorar. Rider tinha dito que nada é para sempre, mas algumas coisas, algumas cicatrizes, são profundas demais para desaparecer." Página 282

15 novembro 2017

Lançamentos da Intrínseca

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Olá, leitores.



Na postagem de hoje vocês irão ficar por dentro dos lançamentos de Novembro da nossa parceira, Intrínseca. E por falar em coisa boa, o blog conseguiu renovar a parceria com a editora para 2018 e vamos para o quinto ano de muitas resenhas e promoções junto da Intrínseca. 



A sutil arte de ligar o f*da-se, de Mark Manson — Todos os dias, sofremos com a pressão de sermos melhores do que os outros. A pressão de que nós temos que ser um sucesso profissional, pessoal, amoroso e ainda por cima fazer isso tudo sorrindo e sem derramar uma gota de suor. Só que a verdade é que quanto mais nos importamos em vencer na vida, maior é a decepção.

Em A sutil arte de ligar o f*da-se, Mark Manson nos convida de forma hilária a abraçarmos os fracassos da vida, dar valor ao que realmente importa para você e ligar o foda-se para o resto.





Mulheres sem nome, de Martha Hall Kelly — A socialite nova-iorquina Caroline está sobrecarregada de trabalho no Consulado da França, em função da eminência da guerra. O ano é 1939 e o Exército de Hitler acaba de invadir a Polônia, onde Kasia vai deixando para trás a tranquilidade da infância conforme se envolve cada vez mais com o movimento de resistência de seu país. Distante das duas, a ambiciosa Herta tem a oportunidade de se libertar de uma vida desoladora e abraçar o sonho de se tornar médica cirurgiã, a serviço da Alemanha.

Costurado por fatos históricos e personagens femininas poderosas, Mulheres sem nome é um romance extraordinário sobre a luta de mulheres anônimas por amor e liberdade. Um livro inspirador, que traz de volta a sensação da leitura de obras como A menina que roubava livros e Toda luz que não podemos ver.


Vejo você no espaço, de Jack Cheng — Alex tem onze anos e adora o universo. Seu maior sonho é enviar seu iPod dourado para o espaço a fim de mostrar aos extraterrestres como é a vida no nosso planeta, como seu grande herói, Carl Sagan, fez 40 anos atrás.

Um livro tocante e delicioso sobre aprendermos a discernir realidade e aparências, Vejo você no espaço é uma lição de que família também se constrói e de que, com honestidade, força e amor, nos tornamos tão grandiosos quanto o universo.





Endurance: Um ano no espaço, de Scott Kelly — Veterano de quatro viagens espaciais, o astronauta americano Scott Kelly viveu experiências pelas quais pouquíssimas pessoas tiveram oportunidade de passar. Agora, depois de ficar um ano na Estação Espacial Internacional, batendo o recorde americano de dias consecutivos no espaço, ele compartilha com o leitor o desafio extremo representado pela longa permanência no espaço — tanto os aspectos mundanos, como a saudade da família e o isolamento, quanto os potencialmente mortais, como os impactos em seu corpo e as expedições fora da estação. Memórias sem precedentes de uma viagem única para Kelly e definitiva para a humanidade.




O touro Ferdinando, de Munro Leaf e Robert Lawson — Publicado originalmente em 1938, O touro Ferdinando marcou gerações no mundo todo e chega aos cinemas pelos criadores de A era do gelo e Rio em janeiro do ano que vem. O livro conta a história de um touro que, apesar de seu tamanho e sua força, não tem interesse em participar das touradas. Tudo que ele quer é cheirar as flores e ficar quietinho no seu canto, mas às vezes o mundo à nossa volta não compreende aqueles que são diferentes da maioria.










11 novembro 2017

Resenha: As garotas de Corona del Mar - Rufi Thorpe

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Editora: Novo Conceito
Ano: 2017
Páginas: 288

Amizade entre garotas pode ser intensa e, no caso de Mia e Lorrie Ann, não há dúvidas de que isso é verdade.

À medida que crescem, a vida de Mia e Lorrie Ann é preenchida com praia, diversão e passeios ao shopping.

Por outro lado, como toda amizade, há conflitos e dores. 

Mia e Lorrie Ann convivem há muito tempo e possuem personalidades opostas. Mia é a bad girl , vivendo em uma família problemática. Lorrie Ann é linda e amável, quase angelical, e tem uma família que parece ter sido arrancada de um conto de fadas. 

Mas, quando uma tragédia acontece, a vida perfeita sai fora de controle...



Classificação:    


"Para ser honesta, me senti insultada porque a tristeza dela parecia de alguma forma me excluir. Eu nos imaginei chorando juntas, imaginei que a confortava. Sempre compartilhamos até mesmo as menores e mais ridículas tragédias. Mas em vez disso ela estava por trás de camadas e mais camadas de vidro. Isso me deixava furiosa. Eu estava com dezessete anos; tinha uma pedra negra como coração; o que mais posso dizer? Mas a Lorrie Ann havia sofrido uma perda profunda." Página 23



As Garotas de Corona del Mar é um dos lançamentos de 2017 da Editora Novo Conceito e a obra conta grande carga dramática com o passar dos capítulos. Somos apresentados para Mia e Lorrie Ann, duas amigas com personalidades e vidas distintas que - em certo ponto da narração - acabam se afastando por causa de suas vidas.

Mia sempre invejou a vida de Lorrie Ann, acreditava que a família da amiga havia saído de um comercial de televisão e que a melhor amiga era dona de uma sorte sem precedentes. Isso começa a mudar quando Lor sofre uma perda e sua vida começa a ruir. Uma gravidez não planejada, a perda de uma pessoa importante, doenças na família e vício em drogas são apenas alguns dos assuntos abordados durante a leitura, conferindo intensidade a cada capítulo em que imergimos na vida destas amigas.

Anos depois de ter perdido o contato com a amiga, Mia têm uma vida com Franklin e tudo ia relativamente bem, até receber uma visita de Lorrie Ann e agora a enxurrada de informações sobre o passado das duas ameaça ruir a vida que Mia procurou construir ao se afastar de Corona del Mar e tudo o que este lugarzinho representava para elas. Este é um livro bastante pesado e a cada capítulo o leitor é levado a se questionar o quanto a vida das garotas mudou com o passar dos anos e todos os acontecimentos a que foram submetidas. 



"Então, minha vida tornou-se minha novamente. A narrativa envolvia apenas eu, Franklin e as maravilhas da antiga Suméria, e eu não tinha de me preocupar com minha gêmea oposta, que tinha má sorte ou estava sendo punida por pecados que eu não compreendia. Deixada sozinha, eu era mais feliz, de forma rica, profunda e silenciosa." Página 89


Comecei a leitura de As Garotas de Corona del Mar sem esperar muito já que livros com carga bastante dramática acabam surpreendendo ou me decepcionando pela forma com que o autor conduz a história e, não me entendam mal - o livro é bom, mas não é tudo o que achei que fosse. A vida de Lorrie Ann e Mia é afetada por vários acontecimentos no decorrer da amizade e ao mesmo tempo que uma busca de afastar a outra quer proximidade e vice-versa, porém a autora tratou de muitos temas complexos e essa intensidade acabou sendo demais a meu ver. Alguns personagens importantes para o desenvolvimento da trama foram deixados de lado pelas protagonistas e isso acabou me frustrando, já que gostaria saber qual fora o fim que eles tiveram. O desfecho das protagonistas é interessante e depois de tamanho sofrimento não era de se esperar que não sofressem com as consequências de suas decisões. 

Com relação à edição,  a capa representa bem a infância das protagonistas em Corona del Mar, até então uma vida sem muitas preocupações. A diagramação e a revisão estão boas, mantendo o padrão da editora em suas publicações. A leitura mostra o passado e futuro se intercalando e a cada capítulo somos jogados em uma espiral de sentimentos que a leitura nos proporciona, confesso que demorei bastante para fazer a resenha já que não sabia como me expressar, espero que tenha conseguido. Para quem gosta de livros intensos, com grande carga dramática e emocional, esta é uma dica de leitura que, sem dúvidas, irão aproveitar mais do que eu. 



"Ela ergueu o rosto e seus olhos estavam tão vazios e azuis que eu quase derrubei a xícara. Senti vergonha imediatamente. Eu era como uma criança brincando com uma boneca, tentando colocar a Lorrie Ann sentada à mesinha de chá que era a vida arruinada dela, só para poder evitar a dor de ter de admitir que era uma vida arruinada, e que a Lorrie Ann não era nada além de uma boneca estragada, um cadáver na parede." Página 148