Editora: Fundamento
Ano: 2013
Páginas: 288
Jodie tem apenas 8 anos. Colocada para adoção, violenta e extremamente agressiva, passou por cinco famílias em quatro meses. A última esperança antes que a menina seja levada para uma instituição é Cathy, que vai recebê-la em sua casa. No início as coisas vão mal, muito mal mesmo. Mas, apesar das imensas dificuldades para lidar com Jodie, Cathy não desiste e usa todo o seu amor, paciência e experiência para ajudá-la. E, quanto mais a pequena confia em Cathy, mais esta descobre fatos medonhos sobre o triste passado da criança. Os pais – que deveriam ter cuidado com muito amor de Jodie – são as mesmas pessoas que interromperam sua infância, que acabaram com sua vida. O futuro de Jodie é nebuloso, mas Cathy irá ficar ao lado dela. Até quando puder.
Classificação:
"Até então eu ouvira de Gary que ela era uma vítima inocente, cujo extraordinário recorde de passar por diversos acolhedores nada tinha a ver com ela; e de Deirdre que ela era um pequeno demônio encarnado, cujo tamanho, força e pura maldade estavam na mais completa desproporção em relação à sua idade." Página 18
Infância Interrompida foi escrito foi Cathy Glass e publicado no Brasil pela Editora Fundamento em 2013. Apesar de ser de catálogo, desde que comecei a parceria tinha bastante vontade de solicitar a obra para resenha e acabei demorando por querer continuar a leitura da série Amanhã, porém, assim que terminei a leitura da série não hesitei em solicitar o livro de Cathy Glass - e que livro. Se você acha que é uma história leve e de superação, não se engane, a leitura é extremamente pesada e apesar da pouca idade - a protagonista, Jodie, é de dar medo.
Abusada de todas as formas possíveis, Jodie viveu desde que nasceu em um ambiente de risco, sendo retirada de sua família apenas aos oito anos de idade. Após passar em cinco lares adotivos em menos de quatro meses, Cathy conhece o caso de Jodie e em uma reunião com todas as pessoas ligadas ao seu caso, decide dar lar temporário para a menina já que fazia isso há anos e tinha plena certeza de que poderia ajudar a pequena. Porém desde a sua chegada Jodie causa problemas, seja com os filhos de Cathy - Adrian, Lucy e Paula, ou ataques de birra e raiva que são frequentes. Aos poucos Cathy consegue ganhar a confiança da menina e esta começa a se abrir, contando todos os horrores que teve que passar desde muito pequena - o que agora considerava normal - e com muito carinho e perseverança, Cathy vai quebrando as barreiras que a pequena criou ao seu redor para se proteger. Infância Interrompida é um livro intenso e que causa extrema angústia no leitor (pelo menos foi assim comigo), porém é algo que acontece mais do que acreditamos ser possível, a história de Jodie acabou com meu emocional e lembrei bastante do livro Não conte para a mamãe, já resenhado aqui no blog.
"Quando ela chegou, eu havia notado que ela evitava contato com os olhos e preferia olhar para o peito das pessoas com quem estivesse falando. Da mesma forma, ela jamais conseguia relaxar, estava sempre pulando se alguém entrasse na sala, como se estivesse em alerta permanente e pronta para fugir se necessário. Eu não tinha pensado nisso antes, mas agora, diante do que ela havia me contado, tudo assumia um significado muito sinistro." Página 108
Cathy Glass abriga crianças que estão para adoção há bastante tempo e, pelo que pesquisei, ela conta com uma extensa lista de livros que mostram a história dessas crianças - o que me deixou curiosa para ler mais sobre ela - além de escrever sob pseudônimo e mudar o nome dos envolvidos na publicação, para preservar as suas identidades. Jodie é uma criança extremamente perturbada e que sofreu muito, apesar da pouca idade, a sorte da garota foi ter Cathy em sua vida que, aos poucos, conseguiu quebrar as barreiras e saber exatamente pelo que ela passou, para assim procurar toda a ajuda possível.
Com relação à edição, a capa é maravilhosa e ilustra bem a nossa protagonista, então chama bastante atenção dos leitores. Os capítulos são bem divididos e contam uma situação envolvendo as batalhas de Cathy e Jodie, além da interação com os filhos da tutora e especialistas que Jodie visitava de forma recorrente. A diagramação está ótima, assim como a revisão - o que deixa a leitura mais fluida. Este é sem dúvidas um livro forte e deixará os leitores com uma sensação de impotência tremenda, já que é difícil saber os horrores pelos quais algumas crianças são obrigadas a passar vindo das pessoas que, supostamente, deveriam zelar pelo seu bem-estar.
"Eu tinha esperanças de que houvesse tempo para tratar daquela personalidade quebrada, e ansiava por juntar os pedaços dela, para que ela pudesse ter outra chance na infância que lhe fora arrancada tão cruelmente. Eu estava decidida a tentar tudo o que pudesse por aquela criança, e, se o amor, a atenção, a bondade e o trabalho duro pudessem ajudar, eu não pararia até ela melhorar." Página 143