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09 novembro 2018

Resenha: Vox - Christina Dalcher

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Editora: Arqueiro
Ano: 2018
Páginas: 320
Tradutor: Alves Calado

Uma distopia atual, próxima dos dias de hoje, sobre empoderamento e luta feminina.

O SILÊNCIO PODE SER ENSURDECEDOR #100PALAVRAS

O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade.

Esse é só o começo...

Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir.

...mas não é o fim.

Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.


Classificação:       


"Ele está com raiva, magoado e frustrado. Mas nada disso justifica as palavras que saem de sua boca em seguida, as que ele jamais poderá retirar, as que cortam mais fundo do que qualquer caco de vidro e me fazem sangrar por inteiro.
- Quer saber, amor? Acho que era melhor quando você não falava." Página 64


Vox é um dos últimos lançamentos da Editora Arqueiro e como já está evidenciado na sinopse, é um livro que está próximo do que estamos vivendo, a batalha das mulheres para ganharem seu espaço na sociedade além de perderem o estigma de seres frágeis e submissos, a autora traz a tona a batalha das minorias que são constantemente deixadas à margem da sociedade e a leitura pode ser desafiadora, caso você não concorde com o que é apresentado no livro. 

Desde a divulgação do lançamento já fiquei interessada na leitura e assim que a obra chegou, não hesitei em começar a leitura e fiquei fascinada com o livro. A distopia é atemporal e nos mostra a vida da Dra. Jean McClellan, uma neurologista que foi obrigada a deixar seu trabalho para virar uma mulher "do lar", agora a mulher fica em casa para manter tudo em ordem, tem quatro filhos e seu marido tem um cargo importante no governo. As mulheres são obrigadas a usar um contador de palavras, desde o nascimento, e caso o aparelho acuse 100 palavras, a cada palavra a mais a pessoa leva um choque, que vai aumentando de intensidade a cada dezena. Quando o irmão do presidente sofre um acidente, a Dra. Jean McClellan é uma das pessoas escolhidas para ajudar no tratamento da afasia, além de sua antiga equipe: Lin e Lorenzo. Após uma negociação sobre os benefícios que teria ao aceitar o trabalho, Jean percebe que nem todos estão aceitando bem este novo modelo de sociedade e há grupos de resistência espalhados pelos EUA tentando contornar a situação. 

Este é um livro que deveria ser leitura obrigatória nas escolas, principalmente para as jovens meninas que são silenciadas diariamente. A leitura é forte e pode ser um tanto chocante, porém é algo extremamente real e que considerando o rumo que o país está tomando, pode muito bem ser posto em prática nas próximas décadas. Não vou me prolongar quanto a isso porque cada pessoa tem seu posicionamento, mas esse livro é realmente um material que todos deveriam dar uma chance e entender o quanto a segregação pode levar uma sociedade à ruína. 


"Passei tempo  demais pensando em como tudo era antigamente, em como eu era, mas o futuro sempre permaneceu como um borrão. Isto é, até agora. Agora vejo fantasmas dos anos vindouros, a princípio apenas redemoinhos malformados, depois se fundindo em imagens absolutamente nítidas e coloridas." Página 209


Vox se tornou um dos meus favoritos de 2018, a autora criou uma história extremamente verossímil e a cada capítulo que lia ficava cada vez mais empolgada para saber como a obra terminaria. A forma com que ela colocou em evidência a divisão entre homens e mulheres, além da questão racial, religiosa e sexual, faz com que o leitor pense em como isso poderá acontecer caso alguém com poder suficiente dê margem à esta divisão. Este é um livro que, sem dúvidas, indico para todos que questionam a batalha do movimento feminista e todos os movimentos das minorias alegando que é vitimismo, pois isto não é vitimismo, mas sim a batalha por igualdade. 

Sobre a edição só tenho elogios, a capa é chamativa e ilustra bem o que o leitor encontrará durante a leitura. A diagramação é simples, os capítulos são curtos e dão mais fluidez para a leitura, a revisão está boa e contribui positivamente para a leitura. Tenho certeza que não consegui passar o quanto esse livro mexeu comigo, mas espero que até mesmo os leitores que estão com receio da leitura deem uma oportunidade para o livro, pois tenho certeza de que serão pessoas totalmente diferentes ao concluírem a leitura. 


"- A culpa não é sua. 
Mas é. E minha culpa não começou quando assinei o contrato de Morgan na quinta-feira. Minha culpa começou há duas décadas, na primeira vez em que não votei, nas vezes incontáveis em que disse a Jackie que estava ocupada demais para ir a uma das suas passeatas, fazer cartazes ou ligar para meus congressistas. " Página 215




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