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21 dezembro 2018

Resenha: A guerra de Ashley - Gayle Tzemach Lemmon

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Editora: Rocco
Ano: 2018
Páginas: 320
Tradutor: Ângela Lobo de Andrade

Anos antes do Pentágono autorizar a presença feminina na frente de combate das Forças Armadas dos Estados Unidos, uma equipe de mulheres se juntou ao grupo de Operações Especiais no Afeganistão, fazendo um delicado trabalho de campo: conversar com as cidadãs locais, a fim de obter o máximo de informações sobre os combatentes inimigos. Em A guerra de Ashley, Gayle Tzemach Lemmon conta a história da CST-2, unidade formada por essas pioneiras, e da heroína da tropa, a segunda-tenente Ashley White. A autora passou 20 meses viajando pelos Estados Unidos, centenas de horas de conversa e análise de pesquisas primárias e documentos, formando um retrato sensível e emocionante das voluntárias que marcaram época ao se alistarem para lutar por seus ideais e seu país.



Classificação:        




"Ashley prosseguiu e permaneceu impassiva. Um pé depois do outro. Olhando para frente. De jeito nenhum, ela reagiria àquele absurdo. Como aprendera com seu pai desde menina, deixaria que suas ações mostrassem do que ela era feita. Esqueça-os, apenas se concentre e continue. Ashley dominava a arte de se forçar a seguir em frente em silêncio e era mais dura consigo mesma do que qualquer outra pessoa poderia ser." Página 58



A guerra de Ashley foi um dos livros que mais me chamaram atenção em 2018 nos lançamentos da Editora Rocco. Lançado pelo selo Anfiteatro, o livro mostra histórias reais das primeiras mulheres soldados enviadas para o Afeganistão durante a guerra, que tinham por função facilitar o contato com as mulheres e crianças vitimadas pela guerra e que não poderiam ser entrevistadas pelos Rangers por questões culturais. Como não investigo muito sobre as leituras antes de iniciá-las, acabei descobrindo apenas no final da leitura que esta é uma pesquisa feita pela autora e que todos os personagens são pessoas reais, ou seja, o choque foi maior ao saber disso e dos desdobramentos da história. 

Este livro, como já é evidenciado no título, tem foco na segunda-tenente Ashley White, uma jovem de 24 anos, recém casada e que responde à convocação de seu país para trabalhar junto dos Rangers no campo de batalha. Mesmo contrariando seu marido ela se inscreve na seleção que está sendo feita e lá percebe que é só mais uma entre tantas mulheres capazes de dar conta do trabalho. Apesar da garra, as mulheres não tinham muito espaço na área militar e este projeto conhecido como CST é pioneiro no país. Depois da semana de testes, Ashley descobre que foi selecionada e está entre os 10% de mulheres que foram as primeiras da equipe, sendo assim ela é enviada para Kandahar. 

Além da história de Ashley, a autora apresenta várias outras mulheres que foram essenciais para o sucesso do programa e vitais para a descoberta dos insurgentes, já que sem esse contato com as mulheres e crianças muitos americanos poderiam ter morrido nas emboscadas. Mesmo quando acreditei que se tratava de uma ficção, o livro me deixou com o coração apertado, quando descobri que Ashley era real fiquei ainda mais comovida por sua dedicação e força de vontade em fazer a diferença. Todas as mulheres que atuaram como CSTs fizeram a diferença e para sempre serão lembradas em seu país, mas para mim, como leitora, sempre lembrarei dessa leitura como inspiração para correr atrás dos meus sonhos e fazer a diferença, pois como é apresentado em um diálogo no livro "meninas podem ser heroínas também"



"Ela se perguntou se tinha alguma ideia de onde havia se metido. Provavelmente não, pensou. Mas cheguei até aqui. Não tem volta." Página 75


Por se tratar de uma biografia da área militar, o livro conta com a sopa de letrinhas que é presente em grande parte das leituras policiais, que mostram as diversas organizações militares, navais e do exército, então a leitura pode se tornar um pouquinho cansativa para quem não está acostumado, além de ter uma linguagem mais técnica, porém isso só torna a leitura ainda melhor já que dá um aspecto real ao livro. 

A obra é dividida em três partes: A convocação para servir, Ação em Campo de Batalha e Última Chamada. Os capítulos são um pouquinho mais longos do que os livros que estou acostumada a ler, porém como a autora faz menção a várias personagens e suas histórias em uma divisão feita a cada capítulo, não torna a leitura arrastada, muito pelo contrário, o leitor compara a vida das mulheres e tenta analisar o que as levou a seguir esse caminho em suas vidas. 

Poderia falar sobre essa leitura por horas, sem dúvidas esse foi o melhor livro que li em 2018 e ganhou em disparada de todas as outras leituras que fiz, mas vou me conter para não soltar spoilers. Se vocês tiverem oportunidade de ler, principalmente as garotas, leiam. A história de Ashley White e de todas as jovens mulheres apresentadas durante a leitura é inspiradora e tenho certeza que o livro vai mudar o seu jeito de ver o mundo e encarar as adversidades, assim como aconteceu comigo. 


"Mesmo que algumas discordassem da tática de Amber, elas sabiam como era mergulhar em frustração quando outras pessoas punham limites a você. Na verdade, o desejo de romper esses limites era, antes de tudo, o motivo pelo qual a maioria delas se apresentara para a avaliação e seleção." Página 132



3 comentários:

  1. Bom, vamos por partes...a capa foi super bem bolada e pra mim trouxe um impacto positivo, ver um único rosto (feminino) no meio de tantos outros num "ambiente masculino". Segundo que o tema abordado está me cativando a cada nova leitura, ficção ou não, são historia sempre muito densas e cheias de sentimentos e por ultimo e mais importante ao meu ver, foi narrado por uma mulher, com sentimentos de mulher e visão de uma mulher... Somos acostumados a ler e sentir o que se passa na rotina de homens de guerra, vítimas ou não e agora essa narrativa vem mostrar um outro lado, uma nova visão. Deve ser enriquecedor, mas confesso que me desanimou um pouco o ponto que tu mencionou de termos técnicos, pode sim ficar arrastada a leitura. Mas acho sim que será uma abertura de horizontes ter a oportunidade de ler.

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  2. Oi Rafaella,
    Sempre que assunto guerra e forças armadas é abordado, automaticamente penso nos soldados masculinos, pois sempre nos é passada a imagem do homem na frente de batalha sendo que nós mulheres também podemos ser soldados. Confesso que a primeira vez que fico sabendo do livro e da histórias dessas mulheres e fiquei bem interessada na obra. Sei que em alguns países tem muitas regras da sociedade e até de religião que não permitem o contatos das mulheres com os homens de outras culturas, então a ideia da CTS é algo compreensível e essencial para ajudar a todos. A Guerra de Ashley não é o tipo de narrativa que me cativa logo de cara, mas a história é tão importante que quero muito ter a oportunidade de conhecê-la.

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  3. Esse livro aparentemente trata de um livro histórico porém contrato gira comentário e eu achei muito interessante abordar a questão da atuação das mulheres por quantidade necessária no pentágono e apesar de esse não ser o tipo de leitura que me chama atenção logo de cara eu devo concordar que a proposta do livro em si é muito interessante

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