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16 dezembro 2013

Resenha: É hora de falar - Helen Lewis

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Editora: Bertrand Brasil
Ano: 2013
Páginas: 224 
Tradutor: Milton Chaves 

Helen Lewis, jovem estudante de dança em Praga durante a eclosão da II Guerra Mundial, é levada para o gueto de Terezín e, depois, deportada para Auschwitz. Separada da família, ela vive em meio à carnificina da Solução Final de Hitler. Como e o que fez para sobreviver é uma história emocionante, contada com humor, franqueza e alguma raiva, mas sem dar espaço para a autocomiseração. Em É Hora de Falar, Helen mapeia as profundezas do Inferno, arrebatando-nos com uma obra de arte irrepreensível. Ao nos guiar por um terreno repleto de pesadelos apavorantes, ela não pisa em falso. Seu tom permanece sereno; seu estilo, simples. Mas essa forma de expressão esconde o martírio de sua necessidade de recordar.

Classificação:      


"Vlasta me disse que, se eu aceitasse o papel, seria liberada de minhas tarefas diárias sempre que precisasse ensaiar. A partir daquele momento, minha vida ficou dividida em dois compartimentos: num deles, eu continuava a enfrentar os problemas de minhas tarefas diárias, enquanto, no outro, minha mente e minha imaginação tentavam criar figuras e formas, ritmos e imagens." Páginas 90 e 91


É hora de falar foi o segundo livro que li e que foi escrito por um sobrevivente do holocausto. Vocês já devem ter em mente que esta não é uma leitura fácil, já que o protagonista viveu em campos de concentração, relata os massacres que aconteceram e todas as provações por que passou durante os anos em que sua liberdade lhe foi negada. Ao contrário do livro Necrópole, também cedido pela Bertrand Brasil para minha avaliação, este livro apresenta sua narração como se estivéssemos acompanhando a autora durante os três anos em que ela ficou no campo de concentração. Por sua vez, Boris Pahor, apresenta sua história anos depois de ter saído da realidade chocante do Holocausto.

Aos seis anos Helen foi apresentada para a dança e ela não tinha ideia de que seria a paixão pela dança que lhe ajudaria a manter a mente sã para que pudesse suportar todos os abusos dos campos de concentração. Quando chegou em casa depois de sua aula de dança, a pequena Helen falou para toda a sua família que se formaria em dança. Anos depois, com muita luta conseguiu se graduar em dança e trabalhava como coreógrafa. Sua vida poderia ser considerada boa, agora Helen estava casada com um amigo de seu amigo e ela e Paul eram felizes. 

Em 1939 tudo começou a mudar, mas apenas em 1941 que a vida de Helen estava sendo aos poucos ameaçada. Todos os judeus que tinham mais de seis anos deveriam usar a estrela amarela para facilitar a sua identificação pelos nazistas, toques de recolher estavam vigentes e eles poderiam abastecer sua cozinha apenas em horários determinados. Pouco depois os judeus estavam sendo convocados para serem retirados do país, mas ninguém sabia ao certo para qual lugar iriam. Quando chegou a vez de Helen e Paul serem transportados, eles foram enviados para Terezín, porém este foi o menor de seus problemas. 

A obra nos mostra as torturas físicas e psicológicas que as pessoas passavam nos campos de concentração e como os próprios presos que ganhavam um cargo acima dos demais modificavam suas crenças e humilhavam até mesmo seus amigos que estavam abaixo de sua posição. A história de Helen é cheia de dor, mas é bom ver que apesar de tudo o que ela passou a escolha que ela fez quando ainda era uma criança teve total influência em sua saída com vida de Auschwitz. O livro é narrado em primeira pessoa e conta com uma riqueza de detalhes. A parte que mais me emocionou foi quando Helen ajudou a produzir o espetáculo Coppélia nas festividades de final de ano, pois mostra como a mulher queria dar um motivo para as prisioneiras se alegrarem apesar de sua situação. O livro é rápido, mas a leitura é difícil já que trata de um momento delicado de nossa história. A capa transmite ao leitor a frieza de ser convocado e ter sua vida modificada por causa de terceiros e foi interessante ter acesso ao bilhete que salvou Helen Lewis de algumas situações depois de sua libertação em 1945. Este é um livro emocionante, chocante e ao mesmo tempo nos dá esperança, pois uma história como essa merece ser compartilhada para todos perceberem que apesar de tudo ainda existem razões para crer em um mundo melhor e ter força para superar as adversidades. 



"Ter uma amiga significava poder contar com olhos extras para ver a aproximação de perigo,uma voz de aviso e mãos para apoiá-la quando você precisasse. Quando uma amizade resultava desse tipo de relacionamento simbiótico, se tornava um instrumento precioso na luta contra nossa desesperadora sensação de solidão e abandono." Páginas 134 e 135

6 comentários:

  1. Eu não gosto muito desse tipo d histórias, mas parece ser um bom livro p quem gosta do tipo.

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  2. Oi Rafaella :)
    Fico sempre muito admirado quando vejo uma notícia/obra sobre os sobreviventes do Holocausto. Essa "tragédia" acometida por Hitler foi um marco na nossa história de tamanho sofrimento que quem não quer enxergar isso é pq não tem alma. Que é egoísta e pensa em si próprio somente, desprezando o passado dos outros.
    Eu vi tantos filmes e chorei horrores com as torturas contras os judeus que não tenho dúvida que choraria lendo esse livro.
    Já li alguns livros de sobrevivente e é impossível julgar se a narrativa foi boa ou não pq aquilo foi real. Não foi ficção e é impossível dar uma nota para a história de alguém.
    Parabéns pela linda resenha, Rafaella. Me fe querer ainda mais esse livro que tem uma capa linda, diga-se de passagem. Bjs :*

    http://peregrinodanoite.blogspot.com.br

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  3. Oi Rafaella :)
    Fico sempre muito admirado quando vejo uma notícia/obra sobre os sobreviventes do Holocausto. Essa "tragédia" acometida por Hitler foi um marco na nossa história de tamanho sofrimento que quem não quer enxergar isso é pq não tem alma. Que é egoísta e pensa em si próprio somente, desprezando o passado dos outros.
    Eu vi tantos filmes e chorei horrores com as torturas contras os judeus que não tenho dúvida que choraria lendo esse livro.
    Já li alguns livros de sobrevivente e é impossível julgar se a narrativa foi boa ou não pq aquilo foi real. Não foi ficção e é impossível dar uma nota para a história de alguém.
    Parabéns pela linda resenha, Rafaella. Me fe querer ainda mais esse livro que tem uma capa linda, diga-se de passagem. Bjs :*

    http://peregrinodanoite.blogspot.com.br

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  4. Olá, boa noite! Vc fala fo bilhete no oapep cor de rosa q o soldado russo entregou a Helen... Vc saberia me dizer a tradução dele...? Gostaria de entender.. (leio mto escritos de sobreviventes do goholocaus...) Gostei mto do livro! Mto obrigada!

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    Respostas
    1. Também gostaria de saber a tradução

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    2. Olá, Aline.

      Faz muito tempo que li essa obra, então não me recordo do bilhete. Vou encontrar o livro na minha estante e volto aqui para mostrar para vocês.

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