Ano: 2020
Páginas: 440
Pouco antes de Samir nascer, sua família fugiu do Líbano para a Alemanha. Quando seu pai desapareceu sem deixar vestígios, Samir tinha apenas oito anos. Agora, vinte anos mais tarde, ele parte para o ""País dos Cedros"", numa viagem que deve unir presente e passado, a fim de decifrar o enigma desse desaparecimento. Com um misterioso slide nas mãos, e as lembranças das histórias do pai na bagagem, ele não tem outra escolha senão se lançar rumo ao desconhecido e viajar para Beirute, berço dos contos de sua infância, para encontrar pistas à sombra dos famosos cedros da terra natal de seus pais. Sua busca o conduz por um país ainda dividido, e em pouco tempo Samir tem a impressão de seguir as pistas não apenas do pai, mas também do efeito devastador que um segredo de família pode causar.
No final ficam os cedros é um dos lançamentos da Editora Jangada deste ano, de autoria de Pierre Jarawan e uma obra bem diferente daquelas que estou acostumada a ler e resenhar por aqui. Solicitei o livro para o Grupo Editorial Pensamento justamente por isso, é sempre bom sair da zona de conforto e conhecer novas histórias.
O autor nos apresenta a história de Samir, filho de refugiados que estão vivendo na Alemanha. Desde muito pequeno já conhecia os efeitos que a guerra trouxe para sua família e, apesar de já ter nascido na Alemanha, busca suas raízes no Líbano através de histórias contadas por seu pai. Quando Samir era apenas um menino, seu pai desapareceu sem deixar rastros, então sua mãe precisou manter os dois filhos com o pouco que ganhava. Hakim, um dos amigos de seu pai, sempre foi muito presente na vida da família, assim como sua filha Yasmin, que era pouco mais velha do que Samir. Aos dezesseis anos uma nova perda na vida de Samir e sua irmã caçula Alina faz com que Hakim fique ainda mais próximo deles.
Anos depois, Samir embarca em uma jornada para conhecer suas origens em Beirute e é lá que seu passado volta a tona. A busca por seu pai continua e ele percebe que os personagens da história que seu pai contava são mais reais do que o pequeno Samir imaginava e é seguindo esta história que ele ficará mais próximo da verdade.
"Doía ver meu pai daquele jeito. Porém, doía quase ainda mais ver minha mãe tentando esconder as feridas que o comportamento dele lhe causava. Poucas coisas no mundo parecem mais tristes do que um sorriso forçado." Página 64
No final ficam os cedros foi uma leitura proveitosa e pude conhecer um pouco mais sobre o Líbano, sua cultura, sua política e como são os costumes. Os personagens são bem característicos e a história, apesar de trágica, é cativante e faz o leitor seguir acompanhando Samir em busca de respostas. O desfecho me agradou e confesso que em nenhum momento o final do livro passou por meus pensamentos durante a leitura.
A narração é fluida e bem completa, dando detalhes sobre tudo o que o autor se propôs a explanar para os leitores. É uma obra indicada para os leitores que, assim como eu, querem sair da zona de conforto e ter novas experiências literárias. Sobre a edição só tenho elogios, a capa ilustra bem o que encontraremos durante a leitura, o livro é dividido em partes e os capítulos são bem divididos, ajudando a manter a leitura fluida. Letras em bom tamanho, alguns errinhos passaram na revisão, mas nada que ofusque a história criada por Pierre Jarawan, que sem dúvida me conquistou.
"E como os manifestantes se defenderam do país superpoderoso, que havia décadas determinava seu destino? Derrubando o próprio governo, que servia a esse país." Página 254
Como disse ontem, até o título desse livro é poético! E poder viajar a outra cultura,conhecer um pouco mais sobre o Líbano e suas belezas e tristezas deve ter sido uma experiência única!
ResponderExcluirOs refugiados infelizmente é um assunto tão atual que assusta né?
Acredito que será uma leitura proveitosa para mim também. Isso do sair da zona de conforto!!!
Já foi pra lista de desejados!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor