Editora: Intrínseca
Ano: 2021
Páginas: 208
Tradutor: André Czarnobai
Desde o seu lançamento, em 1945, A revolução dos bichos se tornou um marco da literatura. Publicado em todo o mundo, vendeu milhões de exemplares e segue vital e relevante até — e principalmente — hoje.
Nesta fábula sobre uma rebelião de animais cansados de serem explorados por seus donos humanos, George Orwell ilustra como uma nova tirania toma o lugar de uma antiga e como o poder corrompe até as causas mais nobres. Depois de se rebelarem na Fazenda do Solar, os animais, liderados por um grupo de porcos, estabelecem um regime igualitário e cooperativo que funciona até alguns bichos começarem a usufruir de mais privilégios do que o estabelecido inicialmente. Com regras que mudam a toda hora, sempre beneficiando quem as cria, a revolução logo se torna uma confusa teia de ordens e tarefas sem sentido, culminando em paranoia, confrontos e dúvidas.
Com dois prefácios do autor escritos em momentos diferentes, esta edição evoca o contexto histórico e social no qual este clássico foi concebido. As ilustrações marcantes de Ralph Steadman, tão dilacerantes e satíricas quanto o texto de Orwell, fazem deste volume uma peça singular, dando visualidade a uma história que não se cansa de ser atual.
Além das ilustrações, há ainda dois textos críticos: o primeiro de André Czarnobai, que discorre sobre como chegou a algumas escolhas em sua tradução, e mais um posfácio inédito do crítico literário José Castello, que esclarece as intenções da obra e aprofunda a biografia do autor, guiando a leitura para além das impressões iniciais que o texto de Orwell provoca. [+]
"Durante aquele ano inteiro, os animais trabalharam como escravos. Mas trabalhavam felizes; não se ressentiam de nenhum esforço ou sacrifício, perfeitamente cientes de que tudo que faziam era em benefício próprio e de seus descendentes, e não para um bando de seres humanos preguiçosos e rapineiros." Página 119
Conheci o trabalho de George Orwell quando na graduação precisei fazer a leitura de 1984 e desde então fiquei curiosa para fazer a leitura das outras obras do autor. Quando vi que a Editora Intrínseca lançaria uma edição de A revolução dos bichos não hesitei em fazer a solicitação para conhecer essa tão comentada história.
Na obra conhecemos os animais da Fazenda do Solar que após anos de abusos por parte dos humanos, acabam se rebelando e tomam conta da fazenda sozinhos. No início as regras eram para tornar o trabalho cooperativo e igualitário e tudo funcionou bem. Os animais trabalhavam até a exaustão, mas com a certeza de que estavam trabalhando para si e para seus descendentes. Porém, aos poucos, os desentendimentos tomam conta do clima de cooperação e os animais começam a ter medo de seus companheiros. Um dos animais é pintado como vilão e tudo o que acontece é sua culpa, mesmo que o mesmo não seja mais visto há algum tempo.
Em determinado ponto todos os animais são comandados pelos porcos - que acabam tendo muitos benefícios e pouco trabalho. As regras iniciais do Animalismo são constantemente modificadas - para beneficiar os caprichos dos porcos - e os outros animais chegam ao ponto de ter a redução de seu alimento e aumento de trabalho.
Com uma narração fluida, o autor nos mostra o quanto o poder pode corromper até a mais justa das causas. Os animais novamente acabam tendo um grupo os liderando e explorando, mesmo que no início da rebelião os líderes tivessem falado que seria um regime igualitário.
A edição da Editora Intrínseca está maravilhosa, capa dura com fitilho para marcar a página que paramos a leitura, os dois prefácios que complementam a leitura, as ilustrações são fenomenais e transportam o leitor para a Fazenda do Solar durante A revolução dos bichos. Sem dúvida é um livro que entrou para a lista de melhores leituras do ano e me arrependo de não ter conseguido ler antes. Mas amei ter lido essa edição da Intrínseca, pois o trabalho gráfico ficou sensacional e me trouxe um aproveitamento melhor da leitura.
"A visão fez a coragem retornar aos animais. O medo e o desespero que sentiam um momento atrás foram soterrados pela raiva contra aquele ato vil e desprezível. Ouviu-se um formidável grito de vingança e, sem esperar por ordem alguma, eles partiram em grupo e atacaram, cegos, o inimigo. Dessa vez, os animais nem tomaram conhecimento dos terríveis balaços que choviam sobre eles como granizo." Página 181
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