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03 fevereiro 2021

Resenha: Tempo de Luz - Whitney Scharer

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Editora: Intrínseca
Ano: 2019
Páginas: 384
Tradutor: Alessandra Esteche

                                                             

Quando chega a Paris, Lee Miller está disposta a dar início à carreira como fotógrafa. Modelo de sucesso em Nova York, ela não queria mais ser o objeto de lentes alheias e se sentia pronta para mostrar o mundo sob a própria perspectiva. Eis que o ambiente boêmio da cidade propicia um inusitado encontro com Man Ray, dando início a uma história de amor, amadurecimento e descobertas que transformará a vida dos dois.

Mais velha, morando em uma fazenda em Sussex, Lee entremeia suas memórias do tempo em que morou em Paris com as reminiscências dos anos sombrios, porém produtivos, em que atuou como correspondente fotográfica durante a Segunda Guerra Mundial. No livro, Whitney Scharer mostra também um lado desconhecido de Man Ray, como amante e mentor. Em um ambiente livre e artístico, porém sexista, ele e seu círculo de amigos famosos não levam o trabalho das mulheres a sério, fazendo com que Lee reflita sobre suas próprias questões e talentos.

A ficcionalização brilhante de Scharer de um casal icônico torna essa história surpreendente, mostrando as nuances e ambiguidades do processo artístico.


"Se Lee não falar sobre ele, Man não vai ser imperfeito como os outros homens, e Lee também poderá ser melhor." Página 132


Tempo de Luz é uma obra lançada em 2019 pela Editora Intrínseca, de autoria de Whitney Scharer. Quando fiz a solicitação para a editora, estava em dúvida de qual livro pedir e ao ler a sinopse da obra não hesitei em solicitar para fazer a leitura. A autora do romance utilizou um casal conhecido e criou uma narração em torno dessa relação, o que acabei descobrindo ao final do livro, já que esta parte apresentada na sinopse passou batido em minha leitura. 

Lee Miller é uma jovem mulher em busca de aceitação em uma sociedade extremamente machista da década de 30 a modelo não se sente mais confortável em posar para fotos, mas sim busca seu lugar do outro lado das lentes. Ao conhecer Man Ray, ela acredita que poderá ter uma boa relação pessoal e profissional, além de aprender bastante com ele sobre a arte da fotografia, então aceita um emprego que não paga bem, porém terá contato com o meio artístico e acredita que Man Ray seria seu mentor. Aos poucos Lee percebe que essa relação não é como ela esperava e precisa sozinha encontrar seu lugar no mundo. 

Anos depois, Lee é forçada a produzir um artigo e para isso relembra o tempo que passou com Man Ray, seu tempo como correspondente fotográfica da Segunda Guerra, suas relações amorosas, profissionais e de amizade durante todos esses anos. Todas essas lembranças voltam e Lee analisa o rumo que sua vida tomou por causa das decisões que tomou ao longo dos anos. 

Tempo de Luz é o primeiro romance de Whitney Scharer e é possível ver o quanto a autora pesquisou e se empenhou na produção da obra. Lee Miller é uma protagonista bem construída, que passou por uma infância conturbada, tornou-se modelo e acabou buscando novos desafios, porém vivia em uma sociedade sexista e que o trabalho das mulheres era desvalorizado. Apesar disso, ela não desiste e busca se aperfeiçoar, mesmo que isso a afaste de algumas pessoas. O livro é bem diferente dos que costumo ler, porém foi uma boa experiência.

A autora conseguiu retratar a época a qual se propôs, os personagens foram bem construídos e a história interessante. Porém achei a narração bastante arrastada, os capítulos são de tamanho médio e contam com divisões que tornam a leitura um pouco menos cansativa. A edição está ótima, a capa é maravilhosa e ilustra bem o que o leitor encontrará no livro, a revisão está boa e a diagramação é simples e funcional, o livro é dividido em duas partes e 32 capítulos. Para aqueles que curtem romances históricos essa será uma boa indicação, gostei da leitura, mas nada que me impressionasse e fizesse o livro entrar nas leituras favoritas.



"Em seu estado de embriaguez e satisfação, Lee pensa sobre isso. Ela poderia dizer que ela não sabe quem é, que nunca soube, que às vezes se sente como um recipiente vazio a ser preenchido por quem quer que seja a pessoa com quem esteja se relacionando ou atividade que esteja realizando. Tem a sensação de que talvez ele entenda." Página 323

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