Resenha: Inspeção - Josh Malerman

Editora: Intrínseca
Ano: 2019
Páginas: 416
Tradutor: Carolina Selvatici
Compre: Americanas

                                                  

Rapazes e garotas estão sendo criados em escolas especiais. Um grupo não sabe da existência do outro — até agora. No alto de uma torre embrenhada em uma floresta e isolada do restante do mundo, temos J. Ele é um dos vinte e seis rapazes de um internato que tem como objetivo formar prodígios em artes, ciências e atletismo.

Até hoje J só teve contato com as outras pessoas que vivem ali: os colegas são sua única família e todos acreditam ser filhos do fundador da escola. A vida acadêmica é tudo o que conhecem — e tudo o que lhes é permitido conhecer. Mas J suspeita da existência de algo mais fora dali, para além da Torre em que vive, algo que não querem que ele veja. É então que começa a questionar. Qual o verdadeiro propósito daquele lugar? Por que os alunos não podem sair? E que segredos o pai está escondendo deles? Enquanto isso, do outro lado da floresta, em um internato muito parecido com o de J, uma jovem chamada K vem se fazendo as mesmas perguntas.

Ao investigar os mistérios por trás de suas estranhas escolas, talvez os dois acabem descobrindo algo... que não deveriam.

"- Ele está sempre um passo à frente da gente. Sempre. É como se soubesse que estamos preocupados antes mesmo de termos alguma preocupação. Como se soubesse que vamos rir antes de uma piada ser contada. Isso não incomoda você? Será que tudo é mesmo tão... previsível? Somos tão óbvios assim? Isso me deixa incomodado. Quero ter ideias próprias, J. Isso é tão errado assim? E com certeza não é escrevendo tudo naquele caderninho azul que vou conseguir isso." Página 60

Inspeção é o quarto livro de Josh Malerman que tenho a oportunidade de ler, todos em parceria com a Editora Intrínseca e a cada leitura é uma nova experiência com a narração e as histórias fantásticas criadas pelo autor. Neste último lançamento, somos apresentados a uma experiência coordenada por Richard e Marilyn, o casal responsável pela criação da Parentalidade - um grupo de 26 jovens que vivem em isolamento e não conhecem o sexo oposto. 

Os 26 meninos, nomeados com as letras do alfabeto são criados pelo P.A.I e só conhecem os inspetores, já que segundo os idealizadores desta experiência as crianças teriam mais oportunidades de desenvolver talentos para a ciência, música e artes caso tivessem contato apenas com o mesmo gênero sexual que o seu. Já as 26 meninas são criadas pela M.Ã.E, da mesma forma que os garotos, mas em uma torre próxima. Quando os meninos têm acesso a um livro escrito por uma das pessoas envolvidas no projeto, que menciona as meninas, o P.A.I faz uma inspeção para ver quais dos garotos haviam compreendido o que leram, nesta inspeção, porém, J consegue se safar e agora começa a investigar qual a origem das palavras ela, nela e mulher.

Enquanto isso, na torre das meninas do abecedário, K é uma das promissoras desenhistas e em uma de suas aventuras têm um vislumbre de meninas com o cabelo mais curto e começa uma investigação junto de suas irmãs. Aos poucos K descobre que a M.Ã.E e a parentalidade estão escondendo coisas dela e de suas irmãs, então junto de Q e B buscam informações sobre as pessoas que habitam o outro lado do terreno. 

De leitura fluida, Inspeção é um livro que me agradou em todos os sentidos, pois a história é inovadora e interessante, os protagonistas são bem definidos e fazem com que o leitor se envolva em suas descobertas e lute para que as crianças consigam ter uma vida melhor. A interação entre K e J dá um clima de cumplicidade para os protagonistas, o Canto - constantemente mencionado durante a narração - faz com que o leitor tema que a parentalidade descubra sobre o que os dois adolescentes sabem e os mande para seu derradeiro fim, os idealizadores do projeto são pessoas ambiciosas e que fazem tudo por seu sucesso, já o desfecho da história foi ótimo e jamais imaginei que o livro teria esse fim. 

Sobre a edição só tenho elogios, a capa tem cores chamativas e ficou fantástica, a diagramação é simples, páginas pretas fazem a divisão da história, capítulos bem marcados e folhas com elementos que retomam a capa foram essenciais para o visual da obra, a revisão está boa o que tornou a leitura ainda melhor. Sem dúvidas o livro conquistou um espaço no meu coração, tanto pela edição quanto pela singularidade da história e personagens criados por Josh Malerman.

"Ah, K sabia que havia uma pequena chance de aquilo dar errado. Mas tudo não passou a se equilibrar na linha tênue do abismo? E o espaço entre a informação e a desinformação não era da exata largura de alguém que soubesse a diferença entre uma coisa e outra?

J abriu a janela. J a deixou entrar." Página 326