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31 janeiro 2021

Resenha: Lunae Manifestum - Bruno Gauvain

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Editora: Autor independente
Ano: 2020
Páginas: 250


                                                              

Ano 2022, Alaenia é tudo que restou da civilização americana. Não há mais luz elétrica, o clima e as fases da lua detêm os segredos e mistérios que rodeiam a Terra Remanescente e perturbam a população. O Oráculo anunciou que dias cinzentos viriam e que o mar de sangue se espalharia, mas para onde correrão quando a Hora das Bruxas chegar e a dívida histórica for cobrada?

Em Lunae Manifestum, Bruno Gauvain conduz o leitor a uma montanha-russa de emoções que vão da aventura ao horror, da religião à hipocrisia da humanidade, em uma narrativa ácida e visceral, que traz ao gênero fantasia uma nova faceta mitológica de bruxas. "Não dizemos amém, dizemos lunae manifestum."



"Que tipo de ser humano consegue colocar religião, armas e violência em uma mesma frase e dormir com a consciência tranquila? Que tipo de religião aterroriza, extermina, escraviza e se julga suprema e pura? Eles me dão nojo, e Eles que são os verdadeiros demônios, não nós." Página 27


Lunae Manifestum foi lançado em 2020 de forma independente pelo autor Bruno Gauvain. Tenho muito orgulho dessa publicação pois pude acompanhar todo o processo de edição até o livro finalmente ser lançado. O Bruno foi muito guerreiro e sempre lutou por essa publicação e fico extremamente feliz por fazer parte dessa jornada. 

A história se passa em Alaenia, ano de 2022, as pessoas são controladas pelo Senhor das Águas - Sachiel Sorensen - que condena tudo o que é diferente. Pessoas são condenadas por suas crenças, opção sexual e identificação de gênero, sendo assim somente aqueles que seguem os preceitos "padrão" são aceitos. A narração leva o leitor a embarcar na história dos oprimidos em busca de liberdade para viver como bem desejarem. Starla é a personagem que mais gostei, uma jovem garota que criou seu irmão mais novo após a morte da mãe, seu pai se perdeu na bebida e ela acabou se tornando a única referência para Yuran fazendo de tudo para protegê-lo.

A Terra do Silêncio é um campo de concentração em que os detentos são chamados por um número, têm seus nomes, histórias e identidades substituídos por uma sequência e lá são levados a crer que quanto mais trabalharem mais estarão perto da redenção, mas em Alaenia nada é o que parece ser a primeira vista. 


"Hipócrita!, Ameerah a julga mentalmente. Todo segredo possui um dedo-duro, alguém que o conte por corrupção, vingança, raiva ou simplesmente para tirar vantagem. Seis pessoas juraram, uma delas cruzou os dedos, pois sabe que não consegue manter a língua quieta por muito tempo. Há quatro crianças, e uma delas é uma traidora. Quem?" Página 49


Questionamentos, representatividade e liberdade de escolha são as palavras que posso utilizar para definir a história criada por Bruno Gauvain, o autor tratou de assuntos extremamente relevantes e polêmicos e o fez com a maestria de um profissional, apesar de ser seu primeiro livro, o autor apresentou uma maturidade na escrita que me impressionou.

Lunae Manifestum apresentou tudo o que esperamos de um primeiro livro, deixou muitas histórias em aberto, segredos a serem revelados, porém muitos destes já foram apresentados aos leitores e deixaram a ansiedade de ter a continuação em mãos ainda maior. Os capítulos são curtinhos e tornam a leitura fluida e rápida, a linguagem utilizada pelo autor é interessante para o que ele se propôs em quebrar tabus, palavrões são utilizados pelos personagens - o que torna a história mais real, além da narração contar com cenas não indicadas para pessoas com estômago fraco. 

A obra é dividida em três atos e 59 capítulos de pura emoção, revelações e luta das minorias. A capa é perfeita, assim como a edição que conta com a divisão dos atos em papel diferenciado e na cor preta, dando ao livro o aspecto sombrio que ele merece. Essa é uma leitura que recomendo a todos que gostam de histórias inteligentes e que desejam mostrar aos leitores que a diversidade importa e deve ser respeitada, A hora das Bruxas se aproxima, não fique de fora. 



"Ao longo dos anos, Sachiel Sorensen brincou de ser um deus em um teatro infame. Agora, é a minha vez. Deus é uma mulher. Se ser bruxa é lutar contra censura e intolerância, que todas ardamos na fogueira." Página 121



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